VIAGEM GASTRONÔMICA
Sem dúvida alguma, os italianos são apaixonados por sua própria culinária – aliás, quase o mundo todo é. Pude confirmar esta “quase certeza” nestes meus dois meses de vivência na Itália. Em todos os cantos deste país – não raro – é possível ouvir uma conversa animada sobre comida. Mas com aquela propriedade de quem realmente conhece quais são os melhores temperos e ingredientes para determinado tipo de prato. Isso sem falar dos banquetes das “mammas” e “nonnas” que, segundo os próprios italianos, detêm as melhores receitas e os segredos da cozinha típica. Influenciada por toda essa deliciosa atmosfera gastronômica, que escrevo a coluna desta semana. O caro leitor deve estar se perguntando: “Afinal, o que a culinária tem a ver com o mundo corporativo?”.
SABOREAR E LIDERAR
Foi em meio a um saboroso jantar em restaurante italiano que me dei conta da similaridade entre a responsabilidade de um chef de cozinha com a de um chefe dentro de uma empresa. Engana-se quem pensa que o cotidiano de um chef se restringe a apenas cozinhar. Em geral, ele também deve saber fazer desde a escolha dos fornecedores, delegar funções a seus colaboradores, liderar, bem como saber trabalhar em equipe. Sem esses ingredientes, devidamente harmonizados, o andamento de um restaurante, por exemplo, pode “desandar”.
INGREDIENTES
Por isso, além dos sabores,aromas e texturas, um bom chef – ou chefe/líder – deve conhecer bem sua clientela para melhor serví-la, seu fornecedor, para obter as melhores matérias-primas, e a própria cozinha (ambiente de trabalho). Este último, em termos de organização, instrumentos disponíveis e a equipe que o auxiliará no dia-a-dia. Somente após isso, ele poderá realmente arregaçar as mangas e começar a “botar a mão na massa
RECEITA
1 Assim como um chefe de uma equipe de um escritório, um chef deve promover direta ou indiretamente o treinamento de seus colaboradores, bem como motivá-los e transmiti-los confiança. Como se sabe, dentro de um restaurante, um chef não prepara toda comida sozinho, mas gerencia uma equipe que se divide em funções que vão desde o lavador de louças, passando pelo cortador de cebolas até aquele responsável pela confecção de um prato inteiro. Sem eles,um chef pode produzir belos pratos, mas não suficientemente para todo um restaurante. Portanto, seja dentro de uma cantina ou num escritório, não há uma receita de sucesso para um líder. Existem, caminhos possíveis a trilhar, e principalmente, o empenho e o talento de cada um.
HORA DO CAFEZINHO
2 Chef que é chef (ou chefe) hoje em dia, deve saber que tem horas que è preciso se arriscar. Buscar novos sabores capazes de surpreender positivamente sua clientela. Por que não usar a hora do cafezinho (e a cafeína) para pensar em soluções para atuais ou futuros problemas que a empresa possa ter?
MINUTO SABÁTICO
3 Já que o assunto é a culinária corporativa, aconselho esta semana ler o livro “Alex Atala – Por uma Gastronomia Brasileira”, sobre a vida deste renomado chef brasileiro.
CORREÇÃO
4 Por infortúnio, na minha última coluna foi publicada com um erro. Embora tivesse escrito que a nossa Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) era uma quase um septuagenária (o cálculo estava correto), digitei erroneamente a data de sua criação. Ao invés de 1963 como publicado, o correto é 1943.
Sandra Nagano
Jornalista da área econômica
Fonte: O Povo Online