Sandra Nagano
Esta coluna é publicada as Quintas Feiras
DESAFIOS DO RH EM TEMPOS DE ECONOMIA FORTE
Nesta semana, resolvi fazer algo diferente na coluna. Ao invés de eu expor minhas opiniões e observações sobre o mundo corporativo, dedicarei o espaço de hoje a um breve bate-papo com Elaine Saad, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional). Ela também é a coordenadora-geral do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH ABRH 2011), que ocorre entre os dias 15 a 17 de agosto, em São Paulo, sob o tema “Gente em ação – Construindo resultados”. Nesta entrevista, Elaine Saad fala um pouco sobre a falta de profissionais qualificados no mercado de trabalho e os desafios dos profissionais de RH neste cenário. Boa leitura!
QUALIFICAÇÃO
O Brasil é uma das economias que mais crescem no planeta. E intrínseco a esse ritmo do crescimento econômico, vem a expansão do mercado de trabalho – cada vez mais exigente. Qual é o grande desafio dos profissionais de RH neste cenário, no qual se tem a busca de profissionais mais qualificados?
Elaine Saad – Há vários desafios que se apresentam no momento em nosso País. Temos um grande em relação à retenção de pessoas, outro em relação à atração de pessoas, e outro em relação à busca e encontro de pessoas com o mínimo de qualificação exigidos por cargo em aberto. Recursos Humanos têm feito a diferença no momento em que orquestra a área que gera o grande diferencial competitivo das organizações: gente. Quanto melhor gerir essa orquestra, mais resultados a organização gerará.
PERFIL DO PROFISSIONAL
Mas, afinal, qual é perfil desse profissional qualificado que o mercado tanto procura?
Elaine Saad – Depende muito da posição. Quando falamos em qualificação falamos em um conjunto de variáveis que englobam a formação da pessoa, sua experiência pregressa, os idiomas que fala, os cursos de atualização que fez, além de um conjunto de competências comportamentais como atitude, liderança, iniciativa, uma pessoa “mão-na-massa”, que se interrelaciona bem e que consegue construir um ambiente de trabalho harmonioso.
APAGÃO
Onde o chamado apagão de talentos é mais evidente? Como o Nordeste se insere neste cenário?
Elaine Saad – O apagão de talentos tem se tornado mais visível em áreas que nesse momento estão com maior demanda, como as áreas da construção civil, engenharia em geral e o agronegócio. O Nordeste se insere nesse cenário uma vez que muitas indústrias estão crescendo nessa Região, e muitas multinacionais fizeram aquisições ali também. Isso vai exigir uma mão-de-obra melhor preparada para atingir as expectativas.
EVASÃO DE TALENTOS
Outro problema no mercado de trabalho brasileiro é a alta rotatividade de profissionais e a dificuldade de manter talentos estratégicos dentro das organizações (em especial os Ys). Como os profissionais de RH vêm encarando esse cenário que é tão intrínseco com o de apagão de talentos?
Elaine Saad -Os profissionais de RH têm tentado entender as variáveis de retenção desses talentos. Não é apenas remuneração que os faz ficar ou mudar de empresa. Aspectos voltados ao seu crescimento profissional, qualidade de vida, flexibilidade em seu horário de trabalho, investimento que a empresa possa fazer em seu desenvolvimento, cursos de treinamento, um bom ambiente de trabalho, etc, têm ajudado a segurar muita gente nas empresas. É papel do RH colaborar com essa ação.
UM ATRASO
Já se sabe que a qualificação da mão-de-obra brasileira não vem acompanhando o ritmo da economia brasileira e às exigências do mercado. E agora, como superar esse atraso?
Elaine Saad – Nos últimos 16 anos de Governo fez uma tarefa incrível de tirar as crianças da rua e colocá-las na escola. Daqui para frente precisamos melhorar a qualidade e o nível de ensino que vamos entregar. Não é um atraso fácil de superar, mas ele será alcançado através de investimentos na melhoria de salário e carreira para nossos professores, maior repasse de verbas públicas às escolas públicas , além de um olhar criterioso para essa área da educação.
Sandra Nagano
nagano@opovo.com.br
Fonte: O Povoonline