Por Kelly Gallinari
Esta Coluna é publicada as Segundas Feiras.
O país Amarelo era famoso por suas particularidades. Lá, todos eram obrigados a usar a cor amarela. O tipo de roupa não importava, da mais comportada às mais ousadas, o importante e, imprescindível, era que a cor do país fosse respeitada.
Pincel era um garoto curioso e audacioso. Já com seus 18 anos, abusava da sua condição de adolescente e desafiava tudo e todos, o tempo todo. Seus pais tinham dificuldades em manter a ordem quando o assunto era Pincel. Mas ninguém esperava que o garoto iria tão longe.
O menino reuniu sua turma de amigos e desafiou todos a usarem camisetas coloridas quando fossem para a faculdade, no dia seguinte. Pincel vivia dizendo que estava cansado daquela mesmice ‘melão’. Melão era como os habitantes deste país eram chamados. Os amigos ficaram receosos mas não queriam mostrarem-se medrosos e, por isso, aceitaram.
O grande momento chegou: As portas da faculdade se abriram e turma de Pincel entrou glamurosa corredor adentro. A faculdade parou. Todos olhavam perplexos toda aquela novidade. Em toda a história do país, nunca ouvira dizer de tamanha ousadia.
Pincel e sua turma desfilavam confiantes, com a cabeça erguida, com um sentimento prazeroso de grandiosidade e vencedor. Eram únicos e diferentes. Todos, ao redor, estavam boquiabertos. Eles eram a grande atração.
Até encontrarem o guarda da escola.
Imediatamente, foram encaminhados para a diretoria e o presidente, mentor social e político do país, chegou em seguida. Estava apavorado. Aquilo era mais que uma ousadia criativa, era uma ofensa.
Os amigos de Pincel estavam de branco, azul, verde e marrom. Pincel estava de vermelho.
A turma do garoto permaneceu na diretoria e Pincel foi levado para a detenção. As cores dos amigos de Pincel eram diferentes e desafiavam os olhos dos habitantes daquele país. Eram diferentes e passaram a gerar curiosidade de todos. Eram cores bonitas e, apesar do susto imediato, muitos começaram a levar em consideração a possibilidade do colorido. As outras cores não era o convencional naquele país, mas não agrediam os valores do país.
Pincel, diferente dos outros, foi para detenção porque usava vermelho. Na história do país, o único momento delicado e triste fazia alusão a uma guerra que vivenciaram com o país Borgonha. Neste lugar, tudo era vermelho. O país amarelo levara uma surra nesta guerra e muitos habitantes foram, terrivelmente, mortos. Muitas mulheres ficaram viúvas e desamparadas. Desde, então, o vermelho foi IRREFUTAVELMENTE banido.
Pincel teve o mesmo destino. Usar vermelho era atentar contra o país. Era ser contra. Assim como a cor, Pincel foi banido do país.
Quando somos contratados por uma mpresa, assumimos o papel de defensor de sua cultura organizacional. As titudes, comportamentos, objetivos e resultados precisam, e devem, estar rientados e congruentes com o que a empresa espera. Quem age ao contrário, acilmente, se dá mal.
Apesar da teoria ser simples, infelizmente, esta intersecção de valores (pessoais e da empresa) pouco ocorre. Em alguns casos, a empresa não comunica sua cultura organizacional; em algumas organizações, isto nem existe. Em outros casos, o funcionário não se dá conta da ‘história’ da empresa, não faz questão de conhecê-la e interpretá-la e passa a não agir conforme o esperado.
Já deparei-me com colaboradores ue reclamam a postura do chefe e da empresa, dizem-se prejudicados e quando uestionei sobre se estava seguros da cultura organizacional e se tinham erteza de que, realmente, estava agindo a favor dela, ouvi o silêncio como resposta.
Você conhece a cultura organizacional de sua empresa. Sabe em qual direção deve seguir para ter sucesso dentro dela? Sabe em qual rumo sua ousadia, seus projetos inovadores devem seguir? Sabe qual a cor proibida dentro de sua organização?
Não adianta querer inovar, implantar ferramentas de mercados, ideias de outras empresas se tudo isso não for compatível com o que a sua empresa quer.
Aqui não cabe certo ou errado. Cada empresa designa sua orientação, sua visão e missão de trabalho. Ela opta, e, assim acertado, seguem, colhendo os frutos e as consequências. Talvez, em um outro país, o vermelho seria aplaudido. No país Amarelo, foi condenado.
Se não conhece a história e a cultura organizacional de onde trabalha, corra e se informe. Talvez esteja remando contra sem se dar conta, o que não é benéfico para ninguém. Saber e vivenciar a cultura organizacional da sua empresa e constuir uma carreira sob alicerces firmes.
Viver na mesma orientação da cultura organizacional é evitar ser banido.
Abraços e até mais, minha gente!
Kelly Gallinari é coach (profissional que aplica o coaching) formada pela ICI (Integrated Coaching Institute).